11 de dezembro de 2023

Como o ensino de idiomas afeta a política DEIB no seu local de trabalho? Especialista em Diversidade e Inclusão da Roche fala sobre o assunto

DEIB no local de trabalho na Roche Sanjay Rishi

Em um mundo cada vez mais globalizado, o ensino de idiomas tem um valor único para os indivíduos e para as organizações, de modo a promover mudanças significativas.

Os gerentes de RH precisam agora estar conscientes das potenciais discriminações e exclusões que podem surgir de uma força de trabalho diversificada e multilíngue, mas na qual ainda faltam estratégias de inclusão.

O que isso significa para os líderes de RH e de L&D (Aprendizagem e Desenvolvimento) atualmente? Os desafios linguísticos da sua força de trabalho estão retardando as iniciativas para incentivar a diversidade e a inclusão?

Em uma conversa com Sanjay Rishi, Líder de Diversidade e Inclusão para o Desenvolvimento de Produtos Globais da Roche - a multinacional suíça de produtos farmacêuticos, com mais de 100.000 funcionários em 150 países - eis o que aprendemos sobre o papel dos idiomas para conquistar um espaço de trabalho inclusivo.

Idiomas e diversidade: Bons para os negócios?

Uma parte fundamental da diversidade no local de trabalho está relacionada à cultura e à nacionalidade dos funcionários, que estão indissociavelmente ligadas aos idiomas.

Existe um claro valor comercial no incentivo à diversidade linguística e cultural na sua força de trabalho, como defende Rishi:

"Quanto mais multicultural for a empresa, mais chances você terá de conseguir compreender as potenciais populações que está tentando atender."

Sanjay Rishi - Líder de Desenvolvimento Global de Produtos e Diversidade e Inclusão na Roche

Dados coletados pela ONG Upwardly Global demonstram que as empresas com equipes executivas culturalmente mais diversificadas têm 33% mais probabilidades de obter lucros acima da média. Sem essa capacidade de compreender, comunicar e estabelecer ligações com outras culturas, muitas oportunidades de negócios podem ser desperdiçadas.

Fomentando a diversidade por meio da inclusão linguística

Embora a diversidade crie essencialmente um espaço para perspectivas mais amplas, sem um esforço deliberado para promover a inclusão e o pertencimento, exatamente esse mesmo benefício pode ser prejudicial a determinados grupos. Por exemplo, o idioma nativo da localização geográfica de um escritório pode dominar e criar divisões na sua força de trabalho.

"Se você vem de uma população minoritária, pode haver a expectativa de que você deve se conformar e se integrar com a população dominante, porque a inclusão não é considerada um exercício consciente", diz Rishi. "Por isso, existe um enorme risco de que a empresa acabe tendo populações diversas cujos dons não estejam sendo aproveitados, ou pior ainda, que a empresa esteja fazendo com que esses funcionários se sintam marginalizados."

Muitas empresas procuram resolver esse problema oferecendo ensino de inglês para promover a igualdade de comunicação e de oportunidades.

O inglês é a resposta?

A resposta curta é sim e não.

Por um lado, o inglês é um grande nivelador, que estabelece uma ponte tangível entre empresas de todo o mundo. A proficiência em inglês pode muitas vezes abrir portas para as pessoas, especialmente para aquelas cujo trabalho se estende por vários países, utilizando o inglês como o idioma comercial padrão.

Por outro lado, a proficiência em inglês pode criar uma espécie de "teto de vidro" no que diz respeito à progressão de carreira. Muitas vezes, existe uma expectativa tácita ou mesmo um preconceito no nível executivo em relação ao inglês fluente, o que pode levar a um tratamento preferencial para os que dominam o idioma nas oportunidades de progressão profissional.

Além disso, um percentual significativo da mão de obra internacional não fala o idioma da sede da empresa, o que prejudica a capacidade de inclusão de todos os funcionários e o acesso a oportunidades. Programas de ensino para preencher essa lacuna ainda são muito menos comuns em todo o mundo do que o ensino de inglês para toda a empresa.

A única abordagem real para os líderes de RH é, portanto, equilibrar a necessidade global de inglês e a necessidade localizada de inclusão na comunicação no local de trabalho - algo que a Roche experimentou:

"Quando lançamos campanhas globais [internas] para toda a empresa, tentamos traduzi-las para as 26 línguas principais", diz Rishi. "Queremos que as campanhas sejam acessíveis a populações de todo o mundo, refletindo o fato que a Roche tem operações em mais de 100 países."

Como os líderes de RH podem utilizar os idiomas como uma ferramenta positiva para a inclusão?


1. Provar o caso de negócio

Rishi salienta: "Reforçar realmente o fato de que existe um problema real e que não é apenas algo que as pessoas estão imaginando, porque muitas vezes os esforços da DEIB (Diversidade, equidade, inclusão e pertencimento) podem ser descartados. Como isso vai beneficiar a empresa, em última instância?"


2. Rever as exigências feitas de cima para baixo em relação aos idiomas

Utilizar o poder de liderança de forma positiva, por exemplo, revendo "o inglês como uma exigência em qualquer descrição de funções, exceto nos casos em que o idioma seja verdadeiramente essencial", oferecendo ensino e analisando a cultura da empresa.


3. Ser um líder vulnerável

Aprender com as experiências dos funcionários em questões de inclusão e pertencimento em um processo que começa com a disponibilidade dos líderes para falarem abertamente sobre as suas próprias experiências: "Contar histórias, especialmente por parte dos líderes, também é algo que pode ajudar a destravar o progresso".


4. Dar prioridade ao ensino de idiomas e à comunicação

Além da habilidade essencial da proficiência linguística em si, Rishi – que fala quatro idiomas e ainda pretende alcançar a fluência em outros mais - afirma que saber se comunicar em uma língua estrangeira leva as pessoas muito além do seu local de trabalho: "O conhecimento de idiomas é como uma porta de entrada para outra cultura. Se você consegue abordar suas interações para resolução de problemas com uma lógica diferente daquela com a qual foi educado, provavelmente você é um profissional mais completo, que apresenta melhores soluções de criatividade e inovação."

Utilizando estratégias de inclusão que coloquem as pessoas em primeiro lugar, bem como iniciativas de aprendizagem e desenvolvimento, a sua organização pode liberar o poder extraordinário da sua força de trabalho, considerando o alcance e o potencial dos idiomas.

Colaborador

Sanjay Rishi

Global Product Development D&I Lead at Roche. Sanjay was born and raised in the UK where he studied economics before beginning his career, working across industries but with a particular focus on healthcare. He has over a decade of experience in the pharmaceutical sector and joined Roche in 2015, which is when he moved to Switzerland. Sanjay led global teams and cross-functional programs and started working in a formal D&I role 3 years ago. He played a leading role in designing and implementing Roche's first enterprise-wide D&I strategy as part of a small, self-organized team that replaced a Chief Diversity Office for the company. As part of this, he worked with Roche's Board of Directors, Executive Committee and was the first Chair of Roche's inaugural D&I Council. Sitting within the business, Sanjay has a strong focus on clinical trial diversity and health equity, as well as diversity & inclusion in the workplace. He is currently studying a master's in Global Healthcare Leadership at the University of Oxford in the UK alongside work.