7 de fevereiro de 2024

A onipresença do inglês no ambiente de trabalho é um problema para a diversidade e inclusão?

Onipresença do inglês e DEIB

O idioma falado em uma organização, assim como a política sobre o uso do inglês como língua de negócios, pode estar dificultando as iniciativas de diversidade e inclusão.

Como parte de uma série na qual analisamos como a habilidade de falar em inglês afeta o contexto profissional (incluindo o nosso artigo sobre retenção de talentos e idiomas), realizamos uma pesquisa com 1.175 líderes de RH e de L&D de várias empresas multinacionais para descobrir se os idiomas que falamos estão determinando nossa experiência no local de trabalho. Aqui está o que descobrimos.

Principais conclusões


→ 7 em cada 10 respondentes afirmam que os funcionários com baixo nível de proficiência em inglês têm dificuldade em participar plenamente e têm menos probabilidades de serem promovidos.


→ 61% dos funcionários com baixo nível de proficiência em inglês sentem-se menos incluídos nas suas empresas.


→ Como parte da estratégia de Diversidade e Inclusão, 43% das organizações oferecem ensino de inglês, enquanto 36% oferecem ensino de outros idiomas. Esses percentuais são, em média, mais elevados nas regiões não europeias.


→ 60% de todos os tipos de treinamento em nível mundial são ministrados em inglês e não nos idiomas locais ou em outros.

Diversidade x Exigência do Inglês em processos de Recrutamento e Seleção

Contar com profissionais espalhados em diversos lugares do mundo é visto como um dos principais benefícios do recrutamento de times regionais e internacionais, trazendo perspectivas novas, além de diferentes e disruptivas ideias. No entanto, quando esses talentos não falam o mesmo idioma ou não conseguem se comunicar no idioma oficial da organização, várias preocupações surgem em relação à falta de comunicação e colaboração. É por isso que a maioria das empresas (53%) ainda exige em seus processos seletivos que seus candidatos falem inglês.

Se forem contratados, os candidatos com baixo nível de proficiência em inglês não conseguem ter acesso à maioria das oportunidades de treinamento e desenvolvimento, uma vez que a maioria dos conteúdos está em inglês (60%). Além disso, mais de 70% das pessoas que responderam à nossa pesquisa indicaram que esse grupo tem menos probabilidades de ser promovido, terá dificuldades em participar plenamente nas atividades da empresa e terá uma "experiência limitada".

Os profissionais com baixo nível de proficiência em inglês estão trabalhando essencialmente em um espaço profissional mais restrito, tanto na fase de contratação como enquanto empregados.

Inglês como alavanca de aceleração da Diversidade e Inclusão

Muitas empresas reconhecem a proficiência em inglês como uma importante alavanca a ser considerada nas políticas de Diversidade e Inclusão (D&I) e citam o ensino de idiomas entre suas principais ações para garantir o engajamento de seus talentos diversos. Com o ensino de inglês no topo da agenda das iniciativas de D&I, a maioria das organizações investe no desenvolvimento de seus profissionais, conseguindo assim aproveitar um banco de talentos ampliado, reflexo da sociedade que estamos inseridos e, por outro lado, acelerar carreiras a medida que promove um sentimento de pertencimento.

Como podemos assegurar que todos se sintam representados em um ambiente global, mesmo quando não compartilham um idioma comum?

Os falantes de línguas não oficiais em uma organização, podem sentir-se excluídos, se apenas os falantes proficientes de inglês forem valorizados. Embora o ensino da língua inglesa continue a ser sempre a principal ferramenta para resolver tal problema, ao analisar e compreender a utilização de idiomas na sua empresa, você poderá encontrar oportunidades para aumentar a produtividade e o bem-estar dos funcionários, por exemplo, desenvolvendo programas de capacitação também nas línguas locais (outra área de concentração indicada por 36% dos participantes da pesquisa).

Em outras palavras, tanto as necessidades da sua empresa quanto as dos seus funcionários devem ser levadas em conta quando se trata de políticas internas sobre idiomas.

Principais lições


É inegável que a proficiência linguística, sobretudo em inglês, representa um desafio significativo de politicas de D&I para os departamentos de Recursos Humanos e para os líderes de empresas globais.

Embora a maioria concorde que uma força de trabalho diversificada proporciona a perspectiva global e os resultados comerciais positivos que os líderes desejam, a diversidade sem preocupações com a  inclusão pode causar mais danos do que benefícios. Utilizando políticas sobre idiomas que ajudem sua equipe global a ter um senso de pertencimento e a usufruir de uma verdadeira igualdade de oportunidades, os líderes podem:

• Recrutar funcionários cuidadosamente, considerando a necessidade real de proficiência linguística na fase de entrada na empresa.

• Oferecer, no mínimo, programas de desenvolvimento da língua inglesa.

• Considerar outras línguas de comunicação comuns na sua empresa e como podem ser incluídas nos treinamentos e em outras iniciativas para aumentar a inclusão e o pertencimento.