21 de maio de 2025

A importância de desenvolver habilidades na era da IA

A revolução da inteligência artificial no desenvolvimento de habilidades já começou. À medida que as ferramentas de IA transformam a forma como trabalhamos, líderes de RH e de T&D em empresas globais enfrentam um grande desafio: como aproveitar os ganhos de eficiência proporcionados pela IA sem abrir mão das habilidades humanas mais importantes.

A pesquisa conduzida pela EF Corporate Learning para a elaboração do EdTech Review  2025 ouviu decisores de RH e T&D em multinacionais sobre o impacto da IA na comunicação intercultural corporativa. De forma geral, o sentimento é positivo – como mostra a nuvem de palavras gerada a partir das respostas dos participantes. Termos como “ajudou” e “melhorou” se destacam, indicando que a IA tem sido vista como uma aliada, não como um obstáculo. Palavras como “idioma” e “tempo” aparecem como alguns dos temas mais citados.

Mas a pesquisa também apontou preocupações com o uso excessivo da IA, especialmente no que diz respeito à personalização e ao desenvolvimento de talentos. Para 22% dos entrevistados, já é possível observar situações em que o desenvolvimento de habilidades foi substituído por ferramentas de IA – o que pode comprometer o crescimento de longo prazo dos colaboradores. Nesse cenário, como garantir que a IA seja usada para potencializar talentos humanos, e não para substituí-los?

A automação excessiva pode causar “desqualificação”?


Ferramentas de comunicação com IA – como tradução instantânea e resumos automáticos de reuniões – estão mudando rapidamente a forma como equipes globais interagem. Se, por um lado, isso traz mais eficiência, por outro, também gera o risco da chamada “desqualificação” dos colaboradores. Como explica Lee Schuneman, presidente da EF EdTech: “Você pode ter um ganho no curto prazo, mas o uso excessivo dessas ferramentas faz com que as pessoas deixem de pensar criticamente, de se comunicar de forma eficaz e de se desafiar mutuamente.”

Isso é especialmente visível na comunicação intercultural, onde o excesso de dependência das ferramentas de IA já está gerando ruídos, como comentou um dos participantes da pesquisa:

“Antes da IA, as pessoas usavam ferramentas online para traduzir suas mensagens. Isso não mudou muito. A diferença agora é que as pessoas não produzem mais seu próprio conteúdo – o que gera ainda mais mal-entendidos.”

VP de T&D, França – Empresa de serviços profissionais com mais de US$10 bilhões em receita

Quanto mais os profissionais deixam que a IA “fale por eles”, menos desenvolvem suas habilidades reais de comunicação. E pior: essa dependência pode passar despercebida até que falhas apareçam, por exemplo, na hora de entender as percepções de outras pessoas ou participar de reuniões presenciais.

Alfabetização em IA: o próximo gap de habilidade?


Além da preocupação com a comunicação, os líderes de RH também começam a identificar um novo desafio: a alfabetização em IA. Com a rápida evolução das ferramentas digitais, muitos profissionais ainda não se sentem preparados para lidar com novas tecnologias – o que dificulta a adoção delas no dia a dia.

E essa dificuldade já é percebida nas empresas, como comentou uma diretora de RH do Brasil:

“Vejo que muitos colaboradores têm dificuldade com o uso da tecnologia, e isso acaba fazendo com que fiquem um pouco para trás em relação aos demais.”

Diretora de RH, Brasil – Indústria com mais de US$1 bilhão em receita

Sem apoio ativo, esses profissionais podem ser deixados de lado – agravando desigualdades no acesso a ferramentas de desenvolvimento.

E mais do que acesso, é fundamental ensinar como usar a IA de forma eficaz, conforme explica Dr. Christopher McCormick, diretor acadêmico da EF Corporate Learning: “O nível de alfabetização em IA e a capacidade de pensar criticamente com essas ferramentas influenciam diretamente na preservação das habilidades analíticas e de raciocínio.” Em outras palavras, alfabetização em IA não é apenas uma habilidade técnica – é uma base para manter (e aprimorar) a capacidade de pensar criticamente.

A oportunidade: IA como parceira no treinamento


A chave, portanto, não é rejeitar a IA – mas sim redirecioná-la para fortalecer, e não substituir, as habilidades humanas. Hoje, 58% dos líderes de RH já relatam melhorias na comunicação com o apoio de programas de T&D baseados em IA. Isso é ainda mais evidente em habilidades complexas, como fluência em idiomas, inteligência cultural e colaboração entre equipes de diferentes países.

A EF tem liderado essa transformação ao integrar IA em seus programas de ensino de idiomas para empresas – ajudando a identificar lacunas, desenvolver confiança e fortalecer a comunicação intercultural. Desde avaliações gratuitas com IA até atividades de conversação para aprimorar a fluência, essas soluções oferecem a possibilidade de praticar em um ambiente seguro.

Integrar a IA ao treinamento permite personalizar o aprendizado e o feedback de forma escalável – algo que métodos tradicionais não conseguem. Quando usada dessa maneira, a IA se torna uma parceira na formação de talentos, garantindo que ninguém fique para trás.

Desenvolvimento de habilidades na era da IA


O futuro do desenvolvimento de talentos não será definido apenas pela tecnologia, mas pela forma como as organizações escolhem usá-la. Mais do que integração, é preciso direção.

A IA deve ser usada para conectar, desenvolver e empoderar pessoas, e não para escondê-las atrás de ferramentas. Quando aplicada com intencionalidade, a IA pode impulsionar a fluência em idiomas, a agilidade na comunicação e o pensamento crítico – competências essenciais para o sucesso em um ambiente globalizado.

Como resumiu um dos entrevistados: 

“A IA terá um papel fundamental para aumentar a produtividade e permitir que os recursos humanos se dediquem a trabalho em equipe e ao desenvolvimento de habilidades complexas.”

VP de RH, Espanha – Empresa de serviços profissionais com mais de US$10 bilhões em receita

Esse futuro já começou. Com design inteligente e programas de capacitação inclusivos, a IA pode ir além da automação de tarefas e se tornar um pilar para o desenvolvimento das competências humanas que impulsionam resultados duradouros.

IA e o aprendizado personalizado


Para saber mais sobre as oportunidades e os desafios da IA e do aprendizado personalizado, assista à gravação completa da apresentação feita por Lee Schuneman, presidente da EF EdTech, no EF Global Summit 2025 aqui.

Video chapters


[00:04] Making personal learning accessible to everyone


[04:29] What delivers the best student outcomes?


[06:55] Supercharging traditional classrooms



[13:10] Will AI replace or augment human teachers?


[21:00] The future of AI in education