2 de maio de 2025

O que impacta mais na comunicação entre culturas: o que você diz ou como você diz? E de que forma a cultura influencia a maneira como compartilhamos e recebemos informações?
No mundo globalizado de hoje, as empresas precisam lidar com uma diversidade cultural cada vez maior — e isso exige uma nova forma de se comunicar. A comunicação intercultural no ambiente corporativo se refere à troca de informações entre pessoas ou organizações de diferentes culturas. Isso vai muito além do domínio de um idioma: é preciso reconhecer e respeitar valores culturais, normas sociais e códigos de conduta nos negócios.
Como a cultura influencia uma comunicação eficaz?
Mensagens, normas, valores e significados que são implicitamente compreendidos dentro de uma cultura facilitam uma comunicação rápida e fluida dentro de grupos com referências culturais comuns. No entanto, esses elementos implícitos da linguagem podem se tornar barreiras concretas em interações entre diferentes culturas e regiões, como destaca o Dr. Christopher McCormick, Chief Academic Officer na EF Corporate Learning:
“Mesmo com boas intenções, a comunicação em equipes globais pode falhar. Isso acontece porque nossas percepções e formas de entender o outro são influenciadas por valores culturais.”
É, portanto, essencial que líderes explorem como diferentes culturas se comunicam, para garantir que a mensagem seja compreendida corretamente e que as pessoas se relacionem de forma positiva. Além de observar o comportamento cultural dentro da própria organização, existem diversos modelos que ajudam os líderes a identificar como diferentes culturas compartilham informações, quais são suas expectativas em relação ao feedback e como constroem suas relações de trabalho.
Por exemplo, uma das formas de analisar as expectativas culturais na comunicação está relacionada ao nível de contexto em que o emissor ou o receptor se apoia. Culturas de alto contexto priorizam a comunicação indireta e o uso de sinais não verbais. Já as culturas de baixo contexto preferem uma comunicação direta, explícita e com pouca dependência de significados implícitos.

Isso pode gerar barreiras sutis, mas significativas. A comunicação em culturas de baixo contexto pode parecer rude ou impessoal para pessoas de culturas de alto contexto, enquanto o estilo indireto dessa última pode frustrar quem espera informações e feedback claros e diretos. Construir confiança – um objetivo central nas interações – também pode se tornar um desafio: colaboradores de culturas de baixo contexto tendem a valorizar competência demonstrada e resultados, enquanto seus colegas de alto contexto priorizam a comunicação presencial e a conexão pessoal.
Diferenças regionais e visões limitadas da matriz sobre realidades locais podem surgir se essas variações forem ignoradas. Por exemplo, países de língua inglesa tendem a adotar estilos de comunicação de baixo contexto, o que – por ser o idioma global dos negócios e de muitas sedes nos Estados Unidos – pode estabelecer expectativas corporativas alinhadas a esse estilo direto. Isso pode afastar colaboradores de culturas de alto contexto – mais comuns em regiões como a Ásia e o Oriente Médio.
Somadas a inúmeras outras nuances culturais – como o Dr. Christopher McCormick explora em profundidade no vídeo abaixo – essas diferenças implícitas podem dificultar a colaboração entre equipes, o relacionamento com clientes e até o engajamento dos colaboradores. Para superar esses desafios, a inteligência cultural – ou seja, a capacidade de compreender, valorizar e se adaptar a diferentes estilos de comunicação entre culturas – torna-se essencial. É nesse ponto que os líderes de RH desempenham um papel fundamental.
Estratégias para reconectar culturas no ambiente de trabalho
Para enfrentar os desafios da comunicação entre diferentes países, é necessário incorporar a inteligência cultural em toda a organização, promovendo uma consciência coletiva e um aprendizado contínuo sobre cultura. A seguir, apresentamos três estratégias para que líderes de RH coloquem isso em prática e aproveitem todo o potencial da diversidade cultural:
1. Integre o ensino de idiomas como uma ferramenta cultural
Comunicar com inteligência cultural envolve adaptar a linguagem ao contexto. A comunicação com nuances exige uma base de proficiência linguística que muitos colaboradores ainda não possuem: nossa pesquisa revelou que apenas 1/3 dos alunos de inglês é capaz de se comunicar de forma "autônoma" – um nível necessário para cenários de negócios como negociação, liderança ou apresentações. Assim, até 2/3 das equipes internacionais podem ser incapazes de adaptar sua comunicação ao contexto cultural. Avaliações em toda a empresa podem oferecer insights específicos sobre as lacunas de habilidades linguísticas e permitir a personalização de programas de idiomas para abordar essas questões.
2. Adapte os programas de treinamento e desenvolvimento ao contexto cultural
O background cultural das pessoas pode influenciar as preferências delas quanto à forma de entrega do aprendizado, por isso os programas de L&D devem ser adaptados para refletir isso. Por exemplo, alunos de culturas de baixo contexto podem se interessar mais por conteúdos estruturados e baseados em dados, enquanto aqueles de culturas de alto contexto podem responder melhor a aprendizados baseados em experiências. Programas de treinamento personalizados e escaláveis para empresas multinacionais podem garantir que os alunos sejam ensinados de uma forma culturalmente sensível.
3. Se beneficie da tecnologia nas comunicações globais
Como o nosso EdTech review explora, os avanços tecnológicos, incluindo a expansão da IA, estão rapidamente transformando a forma como as empresas globais se comunicam hoje. Tradução baseada em IA, salas de aula virtuais e ferramentas de comunicação estão ajudando profissionais a navegar por ambientes de negócios diversos com mais confiança e precisão. Nesse cenário em constante mudança, líderes de RH e L&D desempenham um papel fundamental em capacitar sua força de trabalho por meio das ferramentas e diretrizes certas – para criar grandes comunicadores, em vez de substituir a comunicação humana.
Transformando a complexidade cultural em uma vantagem estratégica
Hoje, e com um olhar para o futuro, a capacidade de se comunicar entre culturas com sensibilidade e agilidade não é apenas uma habilidade – é uma vantagem estratégica no mercado global.
Por meio de treinamentos linguísticos direcionados e específicos para cada cultura, além de ferramentas tecnológicas, as empresas podem transformar a complexidade cultural em uma força – impulsionando a colaboração, inovação e crescimento a longo prazo.
Assista à gravação: Construindo uma cultura de aprendizagem global
Para mais informações sobre como a cultura impacta a comunicação e o aprendizado, ouça o Dr. Christopher McCormick, Chief Academic Officer na EF Corporate Learning, sobre como os profissionais de RH e L&D podem construir uma cultura de aprendizagem global. Assista à gravação completa da sessão que aconteceu no nosso Global Summit 2025 aqui.

Tópicos da palestra
[00:00] The complexity of the future of learning
[01:42] The 'horses of change'
[05:01] Certain uncertainty
[06:53] What is holding us back?
[08:32] Emerging trends in learning
[11:56] What interferes with global engagement in learning?
[14:59] Intercultural communication - how language fluency and culture affect participation and engagement
[19:35] What can HR and L&D leaders do about this? Using research frameworks to tackle cultural difference
Quer saber mais sobre como desbloquear o poder do aprendizado de idiomas?